
Sem o Paraguai, suspenso devido ao processo duvidoso de impeachment que derrubou o ex-presidente Fernando Lugo, o Mercosul confirmou oficialmente a entrada da Venezuela no grupo. A ausência dos paraguaios, os discursos e projetos aprovados pelos uruguaios em relação ao bloco, são sinais marcantes de políticas opostas dos dois menores membros da organização regional.
Enquanto Mujica ressaltou o grande “passo” dado pelo bloco e a verdadeira janela de “oportunidade” que se abre aos sul-americanos. Do outro lado do rio Paraguai, o chanceler paraguaio, José Félix Estigarribia recusou-se a aceitar a adesão dos venezuelanos acusando o ato de “inaceitável” e afirmou que setores da sociedade já pedem a saída do bloco.
O único país que não havia aprovado a entrada da Venezuela era exatamente o Paraguai. O congresso do país não queria ratificar a decisão do executivo que permitiria a aprovação definitiva dos venezuelanos. Esta mesma legislatura, também derrubou Lugo em um processo considerado duvidoso pelo Mercosul. Com a suspensão acatada pelo bloco sul-americano, o principal obstáculo à adesão dos venezuelanos — o Congresso paraguaio — foi retirado e Hugo Chávez agora faz parte da organização regional.
Tudo indica que as lideranças guaranis ainda não compreenderam o papel do país no Mercosul e teimam em tratar a organização com desdém. Os políticos paraguaios mesmo depois do enorme esforço diplomático para tardar o processo de impeachment do ex-presidente Lugo, recusaram-se a seguir as recomendações do Mercosul e da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) os dois principais blocos regionais da região, acusando os de intromissão e seguiram sem titubear com o processo que derrubou o ex-líder.
Norteados pelo Mercosul
O Mercosul possui em seu corpo organizacional diversos setores que buscam a diminuição das diferenças econômicas e sociais da região para estimular os membros em desvantagem, como é o caso do Uruguai e Paraguai, a participarem do processo de integração.
Entre estes organismos destacam se o Focem (Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul), que de acordo com o Itamaraty investe R$ 204 milhões (US$ 100 milhões) anuais em projetos que aumentem a competitividade e a coesão social do bloco”, e a REAF (Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar) que desde 2004 incluiu a sociedade civil no debate de políticas que “incorporem a diversidade e a importância da agricultura familiar no desenvolvimento econômico da região”.
Por meio desta iniciativas os membros menores, como o Uruguai e Paraguai, podem desfrutar de recursos e conhecimento para uma integração mais equitativa e equilibrada. Os uruguaios, que sediaram a última reunião do REAF em dezembro de 2011, tem estimulado a participação neste grupos para aprofundar a integração do país com a região.
Neste mesmo sentido, o encontro da terça em Brasília, os governos do Brasil e do Uruguai anunciaram um ambicioso plano para o aprofundamento da relação bilateral lançando o GAN (Grupo de Alto Nível) e Plano de Ação para o Desenvolvimento Sustentável e a Integração com projetos estratégicos nas áreas de infraestrutura, produção, ciência, tecnologia, comunicação e circulação de bens e pessoas.
Em Assunção, os paraguaios assistem de perto aos avanços dos demais parceiros e continuam a reclamar. Porém, Mujica deixou claro que com a entrada da Venezuela no Mercosul, novos paradigmas foram projetados para o continente e que cada vez mais, “nosso norte é o sul”, aceitem os paraguaios ou não.
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